domingo, 26 de abril de 2015

QUANTO AOS "LIVROS PARA COLORIR..."


Acho que ao menos, pode ser um bom começo...
Pra pintar não precisa ter um porque ou um para que, pinta-se porque é bom, porque se quer, porque se gosta, e ponto final!
“Na verdade, a arte - em si - não serve para nada” (Ferreira Gullar).
Como Psicóloga e Arteterapeuta não posso furtar-me ao direito de vibrar com esse modismo! No mínimo, estamos desconstruindo o mito de que ‘pintar é coisa de criança’. Ao perceber adultos tão inebriados com o livro para colorir, vejo a possibilidade do resgate do criativo, do espontâneo, do leve e do colorido. Que venha com a proposta de aliviar o estresse, que de fato alivia, mesmo que não sejamos reducionistas em acreditar que se pode ter um fim em si.
Ao acessarmos a nossa criança interior por meio da arte, acessamos também as possibilidades de recriação, pois “criar, é recriar a vida”, diz Ostrower. Pintar é um exercício de libertação, é se desligar, se desconectar, esvaziar a mente.
Corriqueiramente ouço a frase “não sou criativo”, o que, com certeza, emperra e dificulta trilhar os caminhos áridos da vida. Se dermos uma folha de papel em branco a um adulto e pedirmos a ele que faça algo, pode ser extremamente assustador, assim como se deparar com o novo, com o vazio.
Pintar é expressar, é se permitir se deixar levar, embalados senão nas formas, mas nas cores. Então, porque não aproveitar que o momento é propício, que a cultura aceitável do aqui e agora é permissiva, e nutrir a nossa criança interna? Porque não se reconectar com a criança esquecida dentro de nós e resgatar a tão perdida capacidade de se deslumbrar e de se encantar? Isso não basta?