terça-feira, 18 de outubro de 2011

A ARTE DE DIALOGAR!

Oficina Arteterapêutica


Quem nunca participou de uma Oficina Arteterapêutica fica bastante curioso em saber como ela acontece. Quem participa, se surpreende com a força e o poder que a arte demanda, possibilitando vir à tona conteúdos que dificilmente seriam trabalhados em um espaço tão curto de tempo. Além do mais, tem as nossas carapaças, que não são tão fáceis assim de serem retiradas. Por isso, a arte é pura magia e sem que nos demos conta, ela chega, e de fininho vai nos desvelando!


Arteterapia é a possibilidade de fazer arte e terapia em um único espaço e tempo. É a arte como um viés no processo de ressignificação, funcionando como uma ferramenta poderosa na tomada de consciência e autotransformação do ser humano. "Privilegio a da arte, por ser facilitadora desse processo, por permitir crir, transformar, redescobrir, destruir e começar de novo"(Ciornai, 2004).

Professores da DEA (Diretoria de Educação de Aracaju) participaram na manhã de hoje de uma Oficina Arteterapêutica: “A Arte de Dialogar”.

O objetivo da Oficina foi promover um espaço de interação e o contato dialógico por meio de recursos artísticos.

Vale lembrar, que a arte nem sempre faz parte do mundo adulto, de forma que quando chega, causa certo desconforto. Ela é retirada de nós ainda muito cedo, como se somente ás crianças fosse possível usar gizes coloridos. Frases do tipo eu não sei fazer, não sei desenhar, o meu desenho está feio, etc. são comuns entre os adultos, mas o mais importante é a autopermissão para experimentar, para entrar em contato com o não saber, e se rebuscar na sua criança interior. "O experimento é um recurso terapêutico que possibilita à pessoa experienciar" (Ciornai, 2004).



Dessa forma, a arte é sugerida em oficina, possibilitando o resgate da criatividade e a expressão do pensar e do sentir.


Por meio do diálogo não verbal, foi possível entrar em contato com o lúdico e com a criatividade, estabelecendo uma comunicação simbólica. As imagens escapam com mais facilidade do crivo da censura do que as palavras, permitindo assim, um maior contato consigo mesmo e com o outro, vivenciando o aqui e o agora da relação.

O diálogo é o que acontece no inter-humano, no entre das relações (Buber, 1965).

 

Durante o trabalho, muitas vezes a fala foi utilizada,  demonstrando o quanto é difícil uma comunicação não-verbal, como se somente palavras pudessem exprimir o pensamento.

Na arteterapia o que menos importa é o padrão estético da imagem criada. Observou-se, que durante a construção da tarefa, muitos se perdem preocupados em corresponder expectativas "precisei consultar".

Apenas uma única folha para a dupla ou trio e gizes de cera para que pudessem se embalar nas cores e formas e se deixarem levar pelas emoções.


Ao final, todos tiveram a oportunidade de se colocar. Cada um pode se expressar livremente, relatando o que fez, como se sentiu e o que percebeu.

O grupo de deu conta de que é impossível o estabelecimento do diálogo sem que o outro seja aceito nas suas diferenças. E Buber nos aponta para essa verdade...“Eu diria que toda relação existencial verdadeira entre duas pessoas começa com a aceitação” (1965).

Aceitar a si primeiramente, para poder aceitar o outro.

"Esperei a partida do outro"... atitudes de espontaneidade para começar a atividade, uns tem outros não. Enquanto uns esperavam, outras tomavam a iniciativa.

"Senti falta de alguma coisa"... e aí foi preciso quebrar o silêncio para perguntar ao colega se poderia colocar. Percebe-se aqui a dificuldade em se posicionar com a sua verdade.

Monólogos aconteceram... cada um na sua. O quanto é delicado adentrar o espaço do outro e a forma como isso deve ser feito, levando em conta que é necessário cuidar do outro na relação.

Algumas questões pessoais e de trabalho foram emergidas durante as falas, o que possibilitaram a ressignificação dos conteúdos e aprimorando as realações.

Para o grupo Dialogar é...

Ser honesto e perceber, compartilhar, ouvir e abrir-se à novas possibilidades. Enxergar o outro, compreender os sentimentos, silenciar. É  conversar com pessoas, é superar obstáculos.           




“O diálogo genuíno começa quando cada pessoa considera a outra
(Zinker, 1995)

Um comentário:

Domingos Leão disse...

A beleza do seu discurso é impressionante. Parece nos envolver numa constante busca de identidade refletindo o passado. Ser criança, ou reviver coisas de criança causa-me uma palpitação de saudade em meu peito. Talvés porque minha infância foi incompleta, no sentido de viver imensamente aquele momento. Não tem tanta certeza, mas a infancia é longa e agora, depois de ler esse texto, parece que ela é terna. Precisamos reviver alguns segundos da infancia para nos sertirmos felizes, acredito. As incorreções neste texto,minha amiga Elem, se existe, desapareceu aos meus olhos, que ficou impressionado pelas saudades que me fez sentir.

Abraços
prof.º Domingos