segunda-feira, 28 de outubro de 2013

NECESSIDADES COTIDIANAS...


... de repente me dei conta de que estava só... nem procurei na bolsa, sabia que tinha esquecido em casa, em cima da cama. Estava a caminho de um evento, e se voltasse correria o risco de me atrasar... tinha um trabalho super importante pra fazer... mas como tiraria as fotos? Costumo fotografar todo trabalho que realizo.
Antes, usava uma pequena máquina fotográfica, mas depois da aquisição do novo celular, é com ele que costumo fotografar... acessar as redes sociais, checar e-mails, conta bancária, sessões de cinema, minha agenda, minhas músicas, joguinhos, tudo o que  preciso e o que não preciso também, é com ele que me ocupo enquanto espero por algo ou por alguém. Ah, também faço e recebo ligações!

Que sensação estranha! Confesso que por várias vezes pensei em voltar para buscá-lo, mas a cada momento minha casa ficava mais distante, e aos poucos fui me permitindo experimentar parte deste dia sem meu companheiro de todas as horas. Com certeza encontraria alguém que pudesse fazer as fotos que precisaria, mas ... e se alguém precisasse falar comigo? E se eu precisasse falar com alguém? Nada seria tão urgente que não pudesse esperar, afinal, estaria ocupada por quase toda manhã!

Decidi seguir em frente, mas a sensação da falta me acompanhava, olhava para a bolsa, a bolsa olhava para mim, mas ele não estava ali. O hábito de olhar constantemente e fazer as checagens... não tinha o que checar. Imaginei várias vezes ele tocando, fazendo todos aqueles barulhinhos que me avisam que alguém lá fora me chama, me manda um recado, me avisa de algo. Cá estava eu alheia a tudo isso, distante do mundo, sozinha. Não saberia nada do que estaria acontecendo fora do meu entorno.  E pra que precisaria saber? Que louco! 

O trabalho foi um sucesso. Não fiquei sozinha nem por um minuto... gente de todas as formas, cores e tamanhos... me envolvi, como sempre e, vibrei com cada momento da atividade que estava desenvolvendo. Foi um lindo dia, um belo trabalho. Correspondeu as expectativas, se é que não superou! As fotos foram tiradas, mas as melhores fotos... Ah, essas eu pude registrar com o obturador do cérebro e serão impossíveis de serem reveladas, ficarão eternizadas em minha memória.

Lembrei da infância e da adolescência sem celular, sem computador, sem redes sociais... com a presença possível, e a ausência também. Éramos livres e felizes.

É claro que não pretendo voltar no tempo, sou contemporânea assumida... preciso do meu computador de bordo, do meu faz tudo, do meu companheiro e facilitador da vida moderna. Sem ele não vivo. Mas aproveitei o esquecimento para refletir um pouco e clarificar as ditas necessidades.

Ainda estiquei um pouco mais. Pretendia fazer algo ao sair deste trabalho e, mesmo sem o celular, não corri para casa afim de pegá-lo. Fui ao encontro do que havia me programado para fazer... um pouco preocupada com os possíveis acontecimentos que estariam fora do meu controle, mas com uma leve sensação de liberdade, de poder estar comigo mesma. E após 6 horas de uma longa espera cheguei em casa. Ufa! Lá estava ele solitário, sobre a cama, demandando uma super checagem...
Ainda deu tempo de aceitar um convite para o almoço do sábado, e tudo voltou ao normal!

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