Como psicóloga no Núcleo de Saúde do QualiVida/ Secretaria de Estado da Educação de Sergipe, venho ao longo de um período me preocupando com a saúde mental do educador. A sociedade moderna com seu ritmo acelerado, o individualismo exacerbado, a competitividade e o estresse cotidiano, além do estresse ocupacional, conhecido como “síndrome de Burnout” – (distúrbio de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso), vem contribuindo de forma relevante para o comprometimento da saúde mental do profissional da Educação. Fatores como estes acabam por comprometer a produtividade no trabalho, bem como, interfere de forma significativa na qualidade de vida afetando as relações interpessoais e tendo como consequência, a licença médica, tão comum dentro do espaço educacional. Ainda não temos estatísticas que nos apontem os números, mas a procura espontânea e os encaminhamentos que chegam, nos faz crer, que o professor vem se afastando cada vez mais da sala de aula, da escola, do seu espaço de trabalho.
Muitas seriam as formas de minimizar os ardores que comprometem a saúde mental, mas para isso, é preciso ter consciência dos fatores que envolvem o desencadear da doença e desconstruir os mitos que envolvem este adoecer.
Fatores genéticos e ambientais são responsáveis pelo surgimento da doença mental, assim como de qualquer outra doença. Desta forma, é preciso estar atento, aprender a olhar para si, se conhecer, tomar consciência do entorno, da forma escolhida para viver, daquilo que o incomoda, que o inquieta; é abrir o baú da vida e se deparar com todas as quinquilharias... aquelas que ainda lhe cabem, e aquelas que não lhe cabem mais. Mas este processo não é fácil, por isso a necessidade de ajuda, mas buscar ajuda também não é um processo fácil. Por isso, a sensibilização é um fator de extrema importância neste processo, é o preparo do terreno antes do plantio. Este trabalho é feito por meio de palestras, dinâmicas, oficinas de arte... É preciso sensibilizar para a necessidade do autocuidado como forma de prevenção, para que se possa tomar conciência de si e de suas necessidades, afim de obter mais satisfação em sua vida.


Por ser o preconceito ainda muito grande, muitos relutam em procurar ajuda e acabam por se afastar de suas atividades laborais perdendo, até mesmo, a esperança de dias melhores. Mas percebemos que ao longo do trabalho realizado uma quebra de paradigmas vem acontecendo, pois alguns servidores já conseguem romper com esta barreira e buscar apoio terapeutico, encontrando assim, alívio para sua dor.
Diante do sujeito com sofrimento psíquico (depressão, transtorno de ansiedade, do pânico, de humor, dificuldades nas relações interpessoais, baixa autoestima, ...), procuramos de forma calorosa, receptiva e solidária, fazê-lo sentir-se à vontade para falar sobre si e das questões vivenciais e emocionais que o impedem de ter uma qualidade de vida. O reconhecimento e a valorização por meio do acolhimento e o apoio psicológico ao funcionário promovem a humanização no trabalho, pois permite que os afetos sejam cuidados e a situação problema minimizada, beneficiando assim, a saúde mental do trabalhador.
“Para mim só contam os que são loucos por alguma coisa,
loucos por viver, loucos por falar, loucos para serem salvos,
os que querem tudo ao mesmo tempo,
os que jamais bocejam, que não dizem banalidades,
mas ardem, ardem, ardem como um fogo de artifício”.
Jack Kerouac
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