domingo, 3 de novembro de 2013

ENTRE A MORTE E O MORRER

 “Quando eu morrer/ não quero choro nem vela/ quero uma fita amarela/ gravada com o nome dela” Noel Rosa



Acho que é bem isso que eu quero pra mim... uma grande roda de samba bem ao meu jeito de ser! Resta saber se quem fica estará disponível pra fazer, porque quem fica sofre, sofre pela falta que o outro faz, sofre por ver no outro a sua própria finitude.

Pensando assim, faço uma reflexão: porque não aproveitar enquanto aqui estou e comemorar enquanto há vida? 

"É preciso saber viver..." canta os Titãs,  porque a vida não pode ser feita de ilusões! 

E seria uma grande ilusão achar que a morte poderia não existir! Saramago fala disso em um dos seus romances...  "logo estaríamos todos condenados a viver eternamente... o que seria um verdadeiro caos".
A vida tem um ciclo e, portanto, morrer é o desfecho do grande espetáculo que chamamos VIDA. É preciso saber chegar ao fim.

Mas esse fim sempre é doloroso, e é por não saber lidar com ele que sofremos. A sociedade teme profundamente lidar com essa temática, pouco se fala e muito se nega, e com isso, acaba criando formas para driblar esse medo. E não se fala mais nisso... até que alguém passa dessa para melhor... e se é melhor, porque tanto temor dessa passagem?

E quanto mais medo se tem, maior a dificuldade em lidar com a questão... que está tão perto de todos nós. Morrer é a etapa final da vida, é preciso estar preparado para a grande despedida, de forma, que  é preciso também saber viver...  para que se possa saber morrer.

E enquanto o novelo não chega ao fim... muito se tem a desenrolar!
A vida precisa ser vivida em sua plenitude... tecida ponto a ponto, para que possa ter uma forma, possa aparecer como uma grande colcha... com sua beleza e riqueza, antes que chegue o momento do arremate final. 

E o grande Raul Seixas nos diz:
Canto para a minha morte

"Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar..."







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